Desatando nós… A difícil arte de simplificar.
Atuando como mentor de lideranças em organizações de médio porte, em diferentes setores, me deparo comumente com queixas sobre o ambiente de negócio, condições de mercado, engajamento das equipes e problemas de pressão de custos, todos fatores relevantes, impactantes, porém imobilizadores também…
Me explico, o conjunto de condições externas realmente tem um impacto importante na gestão e capacidade de gerar valor (diga-se lucro em última instância) da empresa, todos estamos de acordo com relação a isso.
Mas aí surge o outro lado (o lado perigoso) da questão, este cenário não favorável, denominado como longe do ideal, é justificativa única para as dificuldades de gestão que a empresa passa, seja as dificuldades com a gestão dos recursos (materiais e humanos), as dificuldades na tomada de decisões assertivas, as dificuldades em priorizar, as dificuldades, as dificuldades, as dificuldades…
E o pior, tudo isto justificado por uma série de conhecimentos de gestão que os líderes tem (muitos com graduação, mestrado ou MBA), um conteúdo que confirma as dificuldades como resultado de uma série de circunstâncias negativas que a empresa vive (pressões de custos, mercado em retração, equipes pouco motivadas e etc).
É aí que cabe destacar a importância da presença de um mentor, auxiliando estes líderes na priorização, em definir um foco, em chamá-los para a ação, em resgatar quais ferramentas de gestão podem ser usadas (eles já sabem quais são, alguns já tentaram usar, mas falta-lhes em alguns casos mais traquejo no manejo destes instrumentos).
Definir para onde ir em um cenário complexo, o mundo VUCA/BANI denominado por muitos, é a chave da questão que aqui coloco.
É preciso construir um mindset de simplificação das ações diante de um contexto complexo, com incertezas, pouca informação e ambiguidades…
Aí conta a experiência de um mentor, que tem vivência e que, apesar de ter um corpo de conhecimento explícito (aquele conhecimento clássico em gestão), também tem o conhecimento tácito (aquele construído com seus próprios acertos e erros).
Isto permite orientar times, lideranças, sócios (tomadores de decisão) em ajudá-los a simplificar contextos, traçar planos de ação na complexidade, ou seja, sair da inércia, mover sua nau no oceano incerto, com tempestades e calmarias, que não estão totalmente sobre o nosso controle.
Participar deste processo também ajuda estes líderes à reverem suas crenças de gestão (falo de como eles usam o conhecimento, e não do conhecimento que detém).
Por que o conhecimento de gestão está no Google não é mesmo? Mas este outro conhecimento se ganha com cicatrizes, e pode-se ajudar estes líderes a tomarem coragem e construírem seu próprio repertório de acertos e erros…
É isso que chamo da arte de “desatar nós”, mencionada no título deste artigo. Saudações e muita coragem a todos…