Aprendizagem organizacional, muito além do conteúdo…

Aprendizagem organizacional, muito além do conteúdo…

Já se vão mais de 100 organizações, desde setores tradicionais como metal-mecânico, infraestrutura, químico/petroquímico, até o setor de serviços, com suas diferentes vertentes…

Cabe destacar aqui que a cultura de cada organização, pelo que vivi, influencia em muito o conteúdo ministrado nestas experiências de aprendizagem. No entando, mesmo com um conteúdo definido, é a estratégia de aprendizagem que, hoje, pela minha vivência, é o aspecto mais importante.

Muito do conteúdo a ser explorado (se não todo) já está disponível nas diferentes mídias (já aprendi muita coisa em plataformas como Youtube e Coursera por exemplo), agora a diferença está em “ler” o contexto do cliente, sua equipe, e desenhar uma estratégia condizente, que realmente irá deixar um legado no público-alvo…

Fala-se muito em metodologias ativas, como aprendizagem baseada em problemas, flipped classroom, hackatons e etc… Particularmente, além dos rótulos, procuro entender o melhor caminho para que o “conhecer” se torne em “fazer” por quem passa por nós…

Saber fazer, o chamado know how, é muito importante, existem muitas pessoas que sabem bem menos que nós mas aplicam aquilo que sabem, e tem resultados marcantes…para si e para os que estão à sua volta.

Saber aplicar o que se sabe envolve coragem e disposição ao erro, criando um ciclo que se retroalimenta das lições aprendidas, ou seja, se constrói o seu repositório de conhecimento, suas regras, o que dá certo ou não.

Isso é maturidade, e vai além da idade cronológica…

Assim, uma dieta de conhecimento é um fator importante para entendermos o mundo, mas se não existir a disposição a interagirmos com este mundo, aplicando aquilo que sabemos, de que adianta aprender?

Por isso, digo à luz da minha experiência que a aprendizagem, em especial no meio organizacional, é muito mais uma experiência de mentoria que uma “aula” em si, e isso fica mais evidente com o aumento da senhoridade da equipe, eles já tem o conhecimento, só precisamos discutir como aplicá-lo, como traduzir para a realidade, como tangibilizar resultados.

E isso leva em conta a cultura da empresa e as crenças do indivíduo, o que requer muita, mas muita empatia da nossa parte, se não o resultado não vem…

Concluindo, na aprendizagem mais vale o caminho que o destino final, é tudo uma questão de estratégia.

Desenvolvendo a Criatividade

Desenvolvendo a Criatividade

Uma busca no dicionário pelo termo criatividade nos traz a seguinte definição: Qualidade de criativo. Capacidade criadora; engenho, inventividade.

A criatividade é hoje uma qualidade buscada por todos, seja na vida profissional ou pessoal, queremos ser mais criativos, uma fonte de ideias novas, interessantes e impactantes.

Mas o que chama a atenção é a aparente superficialidade em que o tema é tratado, principalmente quanto a questão é: Como desenvolver a criatividade?

Pelo que se vê por aí fazer um workshop ou um treinamento é o caminho para se tornar um indivíduo criativo, será?

Penso que não, na minha modesta opinião a criatividade é uma construção, gerada pela combinação de fatores, desenvolvidos por meio de comportamentos e hábitos…

Uma das minhas últimas leituras me trouxe uma grata surpresa, uma obra que sintetiza de forma feliz os fatores por trás da geração de boas ideias, a raiz da criatividade:

JOHNSON, Steven. (2011). De onde vêm as boas ideias. Rio de Janeiro: Zahar. 260p.

O autor elenca os cinco fatores que propiciam a geração de novas ideias, fatores estes que podem ser desenvolvidos por pessoas ou organizações, vamos a eles então…

#1 Possível Adjascente

Em muitos casos, no enfrentamento de problemas, vejo as pessoas extremamente focadas, analisando o que entendem como restrições e premissas e, neste processo, acabam por estar paralisadas diante de bloqueios, construídos por elas mesmas.

Em meus trabalhos de consultoria, recomendo às pessoas que analisem o problema (ou desafio) de forma mais contextualizada, ou seja, que olhem além destes bloqueios, além das condições de contorno, pois a resposta pode estar bem ali, ao lado…

Este é o chamado possível adjascente, um contexto que está ao lado da situação problema e que pode ser a fonte de uma boa ideia, uma solução que está ali adormecida e esperando ser descoberta, Steven Johnson oportunamente nos alerta para não nos fecharmos, mas sim estarmos abertos para contemplação.

Nos acostumamos a achar que para resolver um problema precisamos de uma solução ao gênero rocket science, ou seja, soluções sofisticadas, plenas em high tech, quando na verdade ser simples pode fazer toda a diferença…

Neste ponto do texto não poderia deixar de trazer a contribuição de outro pensador, este do século XVI…

A simplicidade é o último grau de sofisticação” — Leonardo da Vinci ” Veja  outras frases no Portal… | Frases inspiracionais, Frases inpactantes,  Filosofia frases
Fonte: https://admnews.tumblr.com/post/52790746724/a-simplicidade-%C3%A9-o-%C3%BAltimo-grau-de-sofistica%C3%A7%C3%A3o


#2 Redes Líquidas

Muito se fala hoje da importância da diversidade, Steven Johnson aqui revela o potencial que a diversidade tem como gatilho para novas (e boas) ideias, muitas das grandes invenções da humanidade começaram como ideias incompletas, ficaram adormecidas por anos e, através “colisão” com outras ideias, vindas de indivíduos com interesses bem diversos, tiveram seu aprioramento ou se tornaram uma terceira ideia, esta sim promissora.

O GPS, a Internet e os avanços no pensamento, nascidos nos cafés parisienses, são exemplos…

Assim, cultivar uma rede diversa em interesses e conhecimentos é criar uma fonte de estímulos criativos, a pergunta que fica é Como está a diversidade da sua rede?

Curiosa esta pergunta em um contexto de mídias sociais dotadas de algoritmos que buscam nos conectar a pessoas com os mesmos interesses, ou seja, reduzindo a diversidade de estímulos…um ambiente com mais do mesmo…

#3 Intuição Lenta

Como comentado no tópico anterior, boas ideias não nascem prontas, cabe a nós termos a disposição e a atenção em desenvolvê-las, Steven Johnson lembra que a diversidade das redes líquidas e o possível adjascente podem ajudar neste amadurecimento.

Um caminho é fazer uso de anotações, seja as físicas, em cadernos de boas ideias (tática que eu uso) ou em softwares como o Evernote, o ThinkDevon, e outros…Ter um banco de boas ideias, mesmo inacabadas, cria um ambiente que, diante de um evento que para muitos passaria sem ser notado, para a mente preparada leva a uma descoberta.

Aqui também não poderia deixar de mencionar uma frase do autor…

#4 Serendipidade

Serendipidade vem a ser o ato ou capacidade de descobrir coisas boas por mero acaso, sem previsão.

Aqui destaca-se a importância do acaso no surgimento das grandes invenções, mais que isso, o acaso manifestando-se em um ambiente propício, repleto de conexões diversas, ideias adormecidas, porém devidamente registradas/catalogadas, esperando o momento correto para aparecer.

Combinar momentos de foco intenso com de dispersão é uma forma eficaz para deixar boas ideias florescerem; o excesso de foco, como já mencionado, acaba levando à uma repetição de bloqueios, não deixando espaço para que caminhos alternativos sejam explorados.

Assume aqui a importância dos hobbies, como um instrumento para o divagar da mente, permitindo que ela trabalhe em segundo plano.

#5 Plataformas

Como plataforma pode-se entender a construção de um ecossistema que aproveita ideias já existentes, conectando-as de uma nova forma, possibilitando aplicações inéditas.

Muitas das boas ideias podem surgir da combinação de duas ou mais ideias preexistentes, esta capacidade em perceber as conexões entre conceitos é da natureza das mentes conectadas, estítuladas por redes líquidas, receptivas ao acaso pela serendipidade e nutridas por uma busca de soluções simples no possível adjascente.

Concluindo (ou Desconstruindo Mitos sobre a Criatividade)

Concluindo, Steven Johnson em sua obra acaba por quebrar alguns mitos sobre a criatividade, vamos a eles:

  • Boas ideias não nascem prontas, precisam ser cultivadas, melhoradas, até chegar no tempo certo de serem exploradas;
  • A diversidade de estímulos é um fator incentivador para o florescimento de boas ideias, ao contrário de equipes especializadas;
  • O acaso faz parte do processo, mas precisa de uma “mãozinha” de um ambiente propício, uma mente conectada;
  • Simplicidade é tudo, a solução não precisa ser high tech para ser inovadora;
  • Os momentos eureka ou epifanias são raros, na verdade o que existe é a combinação de várias ideias já existentes para a criação de um novo conceito ou aplicação.

E aqui me despeço, espero que este artigo lhe traga boas reflexões (por que não boas ideias) sobre como ser mais criativo em seu dia-a-dia.

Até

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!